Description:
A figura do labirinto, exaustivamente usada quando se quer aludir à complexidade de quaisquer modelos ou elementos culturais, surge aqui como um espaço transfigurado onde termina o arco, onde vai aterrar aquela esfera imaginadamente elevada aos zénites do entusiasmo e logo descida aos lugares-comuns, às limitações do real, à materialidade que aparece então como um conjunto conspirativo de barreiras e corredores de enganos e frustrações. Espaço complexo por excelência desde a Antiguidade, figura privilegiada no período barroco, buscando uma simetria que apenas ilude ainda mais quem nele se vê inevitavelmente envolvido, o labirinto não representa, mas é a cultura, na medida em que os seus percursos incitam à ironização das certezas, ao surgimento de novas dúvidas e de obstáculos, mas acabam sempre por mostrar uma saída, muitas vezes quando o sujeito nele enredado já desesperou de a encontrar. Essa saída é aqui nada mais que a situação especular de quem se sabe em simultâneo por fora e por dentro das coisas.

É nesse ponto que podem cruzar-se a perplexidade, o cepticismo, o encantamento lúdico e a curiosidade teórica. Num jogo de espelhos antiquíssimo e sempre renovado.


INDICE:

Introdução: lugares do demonio tranquilo......9

Revelação e ocultação face ao processo revolucionario......17

O copista do texto urbano......31

A alma editada entre vergonha e culpa......43

O comboio para Itaca ou a dialectica dos evidências......57

Antropologia do trágico......67

O texto antropomorfico europeu......81

O idealista no seu contexto: impulsos e resistências......93

A galera e a casca de avelá: o mar virtual e a vocação continental......103

Do lugar sombrio ao texto do mundo: a amplitude do politico......111

A luz obliqua: para uma analise cultural da rede dos interesses......125

A Europa aberta: virtualidades e riscos de uma organicidade problematica......139

Oscilação, suspensão, variação: movimentos e modos de habitar a cultura......153

Navegar entre a Cila das ideologias e a Caribdis das utopias: considerações sobre identidade e alteridade......173

A cidade labirintica entre liberdade e necessidade, subterrâneos e superficies......83

O olhar do Minotauro. Obsessões, impasses, insistências: identidades......199

O que os alemães trouxeram de Italia ou o que as polaridades poderão hoje significar......211

Habitar a outra margem ou a regresso do exilio. O que resta da deslocalização e extermporaneidade......221

Lava, ferida, cicatriz: a violência, modo de usar......229

«O ser humano ou é natureza ou irá procurá-la»: novas formas de «mal-estar na civilização»......253

Indicação das fontes......267