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Publicado originalmente em 2004, este livro central na historiografia brasileira aborda o processo da Independência a partir de Pernambuco, que se destacou pela resistência contra o centralismo da corte do Rio de Janeiro e seu projeto de unificação do país. Em busca de autonomia, mas sem pretensões separatistas, a província abrigou uma intensa movimentação política entre 1817 e 1824, com a revolta pernambucana e a Confederação do Equador como momentos mais marcantes.

Em A outra Independência, a interpretação desses e outros eventos de lutas da história de Pernambuco, dos quais participaram personagens como Frei Caneca, Cipriano Barata e Hipólito José da Costa, ao lado de líderes políticos locais, ajuda a compreender o processo de emancipação do Brasil de maneira mais abrangente do que permitem as consagradas versões sobre o período.


Vista sob a ótica da corte do Rio de Janeiro, a história da Independência limita o processo ernancipacionista do Brasil à criação de uma unidade nacional entre 1820 e 1822, conduzida pela então capital. Mas antes da proclamação e depois dela existiram projetes políticos alternativos concebidos longe dali. Como o que se verificou em Pernambuco, palco de revoltas protagonizadas por pessoas que se opunham ao centralismo do Império e lutaram para implantar naquela província um sistema de governo que lhe conferisse ampla autonomia na adrninistração, nas finanças e no controle da força armada.

Numa perspectiva diferente da que nos oferece a historiografia oficial, Evaldo Cabral de Mello reconstitui neste livro o processo de emancipação a partir da província onde se contestaram, mais do que em qualquer outra, as diretrizes impostas pela corte carioca. E mostra como em Pernambuco a Independência ficou polarizada pela competição entre dois programas políticos - o unitário, que viria a se tornar vitorioso, e o federalista, cujas aspirações eram incompatíveis com o formato do Estado brasileiro que se organizava no Sul e foi derrotado militarmente.

Tendo a Independência sob a forma unitária levado sete anos para enfim se consumar em Pernambuco, defende o autor que só é possível compreendê-la quando os movimentos políticos de cunho rebelde ali ocorridos nesse período da Revolução de 1817, passando por três diferentes juntas governativas, à Confederação do Equador em 1824 - são narrados em conjunto.

Como afirma Heloisa Murgel Starling no prefácio a esta edição, A outra Independência é um livro fundador: revela a existência, entre 18n e 1824, de uma alternativa concreta ao processo de emancipação tal como planejado no Rio de Janeiro. ‘Evaldo construiu um ponto de vista sobre a história do Brasil capaz de transforma-la ~ afinal, nós poderíamos ter seguido por caminhos diferentes.’