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Em 1978, Augusto de Campos lança Poesia Antipoesia Antropofagia, derivação brasileira do paideuma concreto que, no início, estava mais voltado para escritores estrangeiros (Joyce, Cummings, Pound e Mallarmé). Augusto sempre foi polêmico: gosta de resgatar os esquecidos e defender o que é recusado, sem medo das vaias. Mas em uma obra combativa como a sua, este livro de ensaios se destaca como o mais afiado, mais sarcástico e mais devorador. Será devido à faca só lãmina de joòo Cabral, por influência do Demo rosiano, da boca do inferno gregoriana ou da antropofagia oswaldiana?

Ao abordar esses e outros autores, Augusto não só amplia o repertório, mas explica como alguns deles - sobretudo João Cabral e Oswald - já estavam nas origens; demonstra como o critério invençõo deve ser aplicado sem concessões à literatura nacional; ensina como a crítica pode ser erudita e apaixonante; como nas operações literárias lee m-se também as transformações sociais. E, ainda, abre uma perspectiva de leitura que vai influenciar o Tropicalismo e os poetas mais jovens.

Tudo isso tem continuidade nos textos escritos nos últimos anos e acrescentados à edição original na seção ‘ ... & cio.’: Waldemar Cordeiro, Décio Pignatari, Sousãndrade, Emani Rosos, Cyro Pimentel e Erthos Albino de Souza são os novos comensais do banquete dos antipoetas que refundaram a poesia. E trazem também uma boa notícia: as polêmicas não acabam e Augusto segue ‘desafinando o coro dos contentes’, como dizia Sousãndrade. No reverso do verso, na anticrítico da crítica, na porosidade da prosa. Voltou o ex-poeta para nos dar mais-poesia.
- GONZALO AGUILAR